CRIAÇÃO AMALDIÇOADA
Todos já experimentamos alguma vez
Sentamo-nos para escrever à máquina
com garrafas de vinho
umas latas de cerveja
e alguns maços de Camel
sabendo que a inspiração
chegaria
em algum momento
Embriagado de sofrimento
os poemas ensaiam sua dor no fundo de um copo
Depois de uns goles de Jack Daniel’s
Seguido de um sopro nos pulmões
Te sentes seguro
tempo passa
e isso importa
artista voltou, pensas
saboreando cada instante
que precede à vinda da palavra adequada
Então imaginas os miolos de Hemingway
esparramados no chão
ou Roberto Bolaño sonhando com o seu transplante
num quarto de hospital
E te jogas quebrando a cara a cada verso
Estás tremendo como um cão no cio e as musas
repousam nuas sobre a cama
Teus dedos estalam como relâmpagos furiosos sobre as teclas
e a esquizofrenia paranóica toma conta de tua caneta
As folhas se acumulam, um bando de folhas, montes de páginas
de genialidade e inspiração pré-paroxítonas
se comprimem entre garrafas vazias e pontas de cigarros moribundas
Até que o amanhecer te alcança e definhas
como uma mariposa politoxicômana,
e desabas sobre a cama
Bêbado
Destruído
Amaldiçoado
Mais um dia nasce
sol sai de novo pelo leste
Estás desperto
Outra vez
Põe o café pra esquentar
Toma um banho
e passa manteiga nas torradas
Então te aproximas da mesa
e acende um cigarro
e lês
Palavras
e mais palavras
Amalgamadas
Misturadas
Puro lixo esfregado
Nada do que pensavas ter escrito
Autor: Rafael López Vilas ([Elloboestaaqui])
Tradução do espanhol para português: Farlley Derze
http://farlleyderze.com/
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Me gustó mucho de hacerlo para que nosotros, brasileños, conozcamos tu trabajo.
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Es moi amable, Farlley. Muito obrigado.
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Felicidades!!! ya te traducen….
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Sí… Una agradable sorpresa. Gracias
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